Passava um pouco das 11 da manhã quando peguei o celular e vi uma mensagem de uma amiga que dizia o seguinte: “Não sei mais o que fazer para esquecer fulaninho. Já tentei de tudo e não dá”. Respondi que antes de qualquer coisa, ela precisava parar de se preocupar em esquecê-lo, pois assim não lembrará do bendito a todo o instante. “Parece fácil, mas na prática não rola”, ela me respondeu.
É, eu sei. Ah, e como sei! Mas cabe a mim, como amiga, tentar mostrar de todas as formas que ninguém morre por amor. A não ser que a pessoa seja fraca o suficiente para amar muito mais alguém do que a si mesmo. E, infelizmente, existem muitos por ai…
A cena se repete todos os dias. Há sempre algum (no meu caso, alguns) amigo sofrendo por um relacionamento que acabou. E eu venho pensando muito sobre o assunto nos últimos dias, após as intermináveis conversas com os meus amigos de coração partido…
Que conselhos devo dar quando sei que nada faz passar a dor de ter que esquecer alguém que até pouco tempo parecia ser a metade da nossa laranja?
Há quem diga que a gente não aprende nunca a sofrer. Que cada dor é diferente da outra, pois cada relacionamento tem as suas singularidades. Eu discordo em partes. Acredito, sim, que aprendemos a sofrer e, acredito ainda mais que a dor é fundamental para que possamos evoluir. Eu, que nunca fiquei solteira por muito tempo e já sofri igual a cachorro sem dono, aprendi muito com todos os meus términos. E foram muitos, viu?
Aprendi a controlar a minha impulsividade e a viver a minha dor de uma maneira que não afetasse as pessoas ao meu redor. Afinal, ninguém é responsável pelo seu sofrimento, nem mesmo o cara ou a garota que te deu um pé na bunda. Você é responsável pela dor que está sentindo. Você, só você, tem o poder de controlar a sua angústia, de levantar a sua cabeça e pensar: “Vale a pena?”. Não culpe o seu ex ou a sua ex por você estar se sentindo um lixo. E mantenha o foco no que você pode fazer para dar a volta por cima.
O que sempre me ajudou muito, não só no quesito relacionamento, mas em tantos outros momentos em que estive triste, foi o “Jogo do Contente”. Parece bobagem, mas desde que li o livro Pollyanna, quando tinha por volta dos 15, 16 anos, aplico a mesma técnica que a personagem. Se estou triste porque o meu relacionamento acabou, penso em como deveria estar feliz por ter amigos maravilhosos, uma família que me ama e me apóia, e o quanto eu estaria triste se tivesse perdido algum deles. Penso no quanto sofri quando algumas pessoas especiais faleceram. Porque sim, nenhuma pessoa é substituível. Mas vamos combinar que alguns ex namorados (as) não entram na categoria de seres humanos. Eles são outra coisa qualquer. Pois até que a dor passe e você consiga voltar a ter algum tipo de pensamento positivo por aquela pessoa, ela sai da categoria “gente”e vai para uma categoria indefinida, fica quase que num “limbo”. Na hora da raiva, eles oscilam entre “ele (a) não vale nada!” para logo em seguida “mas só com ele (a) eu sou feliz”. Vai entender o coração…
O lado bom de todo esse drama é que o mundo é grande e sempre nos apresenta alguém quando menos esperávamos. Tudo encaixa direitinho novamente. Daí a gente passa a ter borboletas no estômago mais uma vez e a reconstruir todos os sonhos. Mesmo que seja somente durante um tempo, até que a dor do término nos pegue de surpresa…
E ainda com todas as incertezas e o medo de sofrer novamente, é preciso tentar, tentar e viver o relacionamento como se fosse eterno. Já que não há nada mais angustiante do que estar ao lado de alguém achando que vocês vão terminar a relação a qualquer hora. Se existe esse tipo de pensamento, é hora de rever os seus conceitos e o que você busca no outro. E, se ao terminar com alguém, você achar que perdeu o seu chão, está na hora de caminhar de um jeito diferente, sem precisar se apoiar no outro como se fosse um bebê aprendendo a dar os primeiros passos.
A gente conquista tanta coisa boa na vida… Batalhamos para sermos independente, temos o nosso trabalho elogiado pelos colegas, passamos em testes, provas, vencemos medos e obstáculos… E temos um mundo inteirinho para desbravarmos sozinhos (porque não?) ou com alguém especial.
Aprenda a viver a sua dor. Faça o que tiver que fazer para se sentir melhor. Converse com os amigos, tome um porre, coma chocolate, coma o que tiver vontade, chore quantas vezes forem necessárias. Mas não deixe que ela, a maldita dor, se acomode no peito sem hora para ir embora. Quando achar que já sofreu o suficiente para aprender alguma lição, enxuge essas lágrimas, sacode esse mau humor, tire de dentro de você todo e qualquer pensamento ruim sobre o outro. Não vale a pena guardar rancor. Não vale a pena sofrer por demais. Viva pra você, por você. E se você tiver filho, sobrinho, afilhado, amigos especiais, pessoas que precisem de você nesse instante, viva pra elas também. Isso sim vale a pena.