A nossa história

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A gente se conheceu numa situação no mínimo inusitada. Eu sou a típica garota que vai numa festa só porque descobre que o paquera vai estar lá. Mas também sou a mais azarada do mundo quando se trata de chegar na festa e o paquera estar com outra, ou outras. E dai eu bebo, choro e acho que sou a mulher mais feia, gorda, e sem graça que existe no planeta Terra.

Foi assim que eu o conheci. Chorando porque o paquera brasileiro havia me dado um “perdido”, resolvi descontar na tequila e dançar como se o mundo fosse acabar no outro dia. Eu nem dei muita atenção quando aquele canadense me parou e perguntou se podia dançar comigo. Acho que estava mais preocupada em olhar por cima do ombro dele e ver se o tal paquera ainda beijava a loirinha sem graça. Quase disse: Sai da minha frente que você está atrapalhando a minha visão!!!

Mas ai a minha amiga me puxou e disse: – Você tá louca!!! Olha que cara gato puxando papo contigo! – Eu, então, resolvi ceder. E com mais álcool no sangue do que adolescente baiano solteiro em quarta-feira de cinzas fomos novamente para a pista de dança. Eu não entendia muito bem o que ele falava. Canadense, som alto, teor alcoolico nas alturas e cabeça em outro lugar, passamos a noite inteira intercalando shots de tequila e passos sem sintonia alguma na boate. Esqueci o nome dele, mas sabia que era de descendência italiana. A salvação foi uma mensagem no whatsapp pra a amiga que conversava conosco encostada no balcão da boate: -Ask his name!!! (mandei em inglês) e o Marc viu.

Infringi todas as leis e regras do primeiro encontro. Me comportei como uma louca, liguei no meio da madrugada para avisar que não conseguia achar a minha amiga e ele pediu ao taxi para que me levasse para a casa dele. Deixei a casa dele quase que na ponta do pé. Sabe aquelas cenas de filme em que você acorda com cara de panda, olha pro lado, vê um homem lindo dormindo num sono profundo e resolve se mandar antes que ele desperte e veja a criatura na qual você se transforma pós-balada? Esse “cara” sou eu.

E desde a primeira e louca noite, 22 de agosto do ano passado, o Marc tem sido o dono dos meus melhores sorrisos. E há aquele velho ditado, que eu sinceramente desconheço a autoria, de que “os opostos se atraem”. Se é verdade, eu não sei. Até porque nestes seis meses me confundo entre achar que somos completamente diferentes ou muito iguais. Ainda não achei uma resposta.

O Marc é o típico canadense centrado, workaholic, racional, sarcástico e ao mesmo tempo direto. O oposto dos sul americanos, latinos, dramáticos e pegajosos. Tudo que eu sempre fui e ainda sou. Ele tem sido o meu equilíbrio, a minha parte racional e o meu melhor amigo. Não que ele não demonstre o seu amor por mim. Isso ele sabe fazer de uma forma que eu nunca havia vivido antes: menos palavras, mais atitudes, muito carinho.

Se tem algo que ele sabe fazer como ninguém, é me abraçar de uma forma que faz com que eu me sinta a mulher mais protegida do mundo. Muitas vezes eu reclamei, disse que sentia falta de mensagens românticas e demonstrações públicas de afeto. Coisas que os canadenses não fazem muito, vem da criação.

E ai eu descobri que o que mais amo nele é justamente esse mistério, essas surpresas verdadeiramente inesperadas. Ele é do tipo que me manda arrumar a mochila porque na outra manhã vamos comemorar o meu aniversário em outra cidade. E não me diz aonde estamos indo até que estejamos no destino final. Ele é do tipo que não deixa faltar o meu chocolate preferido na cabeceira da cama… E me acorda caso eu pegue no sono ao assistir tv sem o meu travesseiro predileto. Porque sabe que irei reclamar na manhã seguinte. Ele é daqueles que enchem o quarto de velas, música ambiente, vinho e me puxa pra dançar… Ele me observa enquanto durmo e me diz que sou linda todas as vezes em que eu olho em seus olhos.

Porque apesar de não me encher de torpedos melosos ao longo do dia, ele faz questão de ir me visitar no trabalho sempre com aquele sorriso lindo, que me desarma em apenas 5 segundos. Porque o Marc não é só lindo por fora. Ele tem um coração e caráter invejáveis.

Demorou algum tempo até eu me acostumar com as nossas diferenças culturais, a ser menos dramática do que nos relacionamentos anteriores, a valorizar um eu te amo dito com o olhar e a não me importar com o fato de que o meu namorado não enche o meu mural do facebook com declarações de amor. Demorou para que eu aceitasse a condição de ter alguém que não joga os joguinhos que durante a vida inteira aprendi a jogar. Como dizer que vai para casa só para ouvir ele dizer: fique. Quer ir para casa, ta bom, amanhã a gente se vê e ponto. Me acostumei com o fato do meu amor não entender bulhufas das loucuras que escrevo. Como esse texto que só fala dele.

Ainda hoje, de vez em quando, fico com o olhar distante, pensando no que vai acontecer amanhã, e ele, que já conhece todas as minhas expressões faciais, me puxa para perto do seu peito diz: -Relax…

Então eu encosto a cabeça no colo dele e tento acreditar que independente da duração da nossa história que é linda e especial, aquele momento e tudo que estamos vivendo vai ser eterno.

Retrospectiva do sumiço

Quase dois meses sem escrever no blog. E as pessoas me perguntando o que havia acontecido, onde estavam os meus textos… A verdade é que uma série de motivos me fizeram deixar o blog de lado. Logo após o Natal a minha irmã passou alguns dias aqui e juntas aproveitamos todos os momentos da sua rápida estadia. Depois que ela viajou eu precisei organizar a documentação para a extensão do meu visto (sim, mês que vem completa um ano e sim, eu vou extender para mais um ano!) e se tem algo que me tira o humor é toda essa burocracia de consulado e etc.

Logo em seguida, o Marc, meu namorado, me fez uma viagem de fim de semana surpresa em comemoração ao dia dos namorados e ao meu aniversário, que aqui caem no mesmo dia – 14 de fevereiro. Como ele estava trabalhando demais na semana do meu niver e nao pudemos comemorar, ele resolveu adiantar o presente. Fomos patinar na maior pista de patinação no gelo do mundo, que fica em Ottawa, há 5 horas de Toronto. E foi a coisa mais linda!!! =)

E ai, logo após a felicidade de ter a minha irmã aqui, a surpresa linda do namorado, documentação reunida, me vi em meio a uma tristeza que eu não sabia explicar. Alguns disseram que era o inferno astral que antecipa o aniversário. Mas como não sou muito íntima dos astros, não sei se esta foi a razão. De repente eu, que nunca fui de pensar negativo ou me deixar abater, passei duas semanas chorando quase que diariamente. Não era saudade, não era o inverno frio que me impede de aproveitar o mundo la fora, não era o Carnaval que acontecia no Brasil e que eu jamais havia perdido. Descobri que era medo do futuro. Medo das minhas decisões e do preço que pagaria pelas minhas escolhas. Comecei a pensar que não teria tempo para conquistar tudo que quero e numa loucura ainda maior, chorava por achar que ainda não havia conquistado nada na vida.

Mas como o mundo só me apresenta pessoas lindas – e as feias que me aparecem eu tiro apenas lições boas -, recebi todo o apoio do mundo dos meus dois mais novos irmãos da vida: Mateus e Mayanna. Eles dividem não só a casinha linda que achamos aqui em Toronto, mas seguraram a minha barra e foram os mais pacientes do mundo nas minhas noites de choro. Isso para não falar da minha best, que durante 40 minutos ouviu o meu choro no telefone, sem eu ao menos dar espaço para que ela também desabafasse. Dani, que de chefe se tornou amiga, com sua doçura e experiência de vida me mostrou que eu precisava desencanar. Um coração pesado só gera mais tristeza. Minha Paçoca, ah, essa tocou na minha ferida. E aí sim, eu lavei o rosto e engoli o choro.

E no dia do meu aniversário, ainda de cara inchada por tanto chorar na noite anterior, acordei com o coração tranquilo. Todas as dúvidas, tristezas e incertezas foram embora. Porque pessoas especiais fizeram com que eu me sentisse a mais amada do mundo. No final do dia eu liguei para falar com a minha vó. E então ela me perguntou se eu estava feliz. Eu respondi que sim. E ela me disse: – Tenha paciência e fé. Todo começo é difícil e você é inteligente para ir atrás. Não ligue para as críticas.
E eu voltei a acreditar que na vida tudo tem um propósito. Se estou aqui é porque o meu aprendizado é aqui. E se um dia – seja daqui a alguns meses ou anos – eu houver de voltar, é porque aqui já me foi ensinado o que eu havia de aprender.

Basta ter fé e paciência, não é vó?

Abaixo algumas fotos das comemorações:

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Bolinho de sorvete surpresa que o Marc me deu durante jantar no nosso restaurante mexicano predileto.

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Comemorando com patinação no gelo em Ottawa

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May e Teu fizeram festa surpresa em casa!

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Com coroa, cupcake e velinha! 🙂

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Jantar, cerveja e movie com Vita, a amiga russa mais fofa do mundo!

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E comemorando com vinho e risadas com as amigas do trabalho

Enfim, um aniversário mais do que especial!!!!!!!